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Por quê con$umimos tanto?

Texto > Psicólogas Ananda Ferreira e Sara Kronbauer

Você já comprou alguma coisa mesmo sem ter necessidade naquele momento? Já foi para casa com a sacola cheia de compras, mas talvez com uma sensação de vazio? Quantos de nós já compramos algo sem ter necessidade, para que pudéssemos “desestressar” e acabamos levando para casa aquele sapato ou aquela calça, mesmo estando com o armário cheio? Quantas mulheres possuem no armário muitos lençóis e outras peças de enxoval, mas não utilizam, pois tem “pena”, “são tão lindos, ganhei de casamento há anos”, mas estão sempre comprando mais? Obviamente que não apenas mulheres passam por isso, mas citamos apenas alguns exemplos...

 

Talvez com essas perguntas, veio na sua mente algo que você deseja muito comprar… e agora te questionamos: você precisa realmente disso? O que de fato significa a palavra consumir? As definições mais conhecidas associam a palavra consumismo ao ato de comprar sem necessidade, sendo assim, também é algo que pode acabar fugindo de nosso controle. Pois bem! É fato que não temos como viver sem consumir! Além de coisas materiais, nós também consumimos o ar que respiramos, alimentos, relacionamentos, afetos, nós consumimos muita informação, consumimos de maneira incansável a bateria do nosso celular, a internet, consumimos demais o nosso tempo, muitas vezes “jogando fora” e acabamos entrando em uma roda viva que pode nos causar muitos conflitos.

 

Quando o ato de comprar está vinculado diretamente à ansiedade e à posterior satisfação, podemos dizer que se trata de uma compulsão. Muitas vezes, isso pode representar grandes perdas em termos de relacionamento interpessoal e qualidade de vida, como por exemplo, quando há gastos exacerbados e compramos sem um determinado equilíbrio, gastando além de nosso salário, sem medir as posteriores consequências e sem conseguirmos nos “controlar”. Assim, podemos estar desenvolvendo algum transtorno compulsivo, como ansiedade, depressão, síndrome do pânico ou TOC (transtorno obsessivo compulsivo), dentre outros e é através do ato de comprar que esses sentimentos encontram uma via de escape. Além disso, poderemos ter sentimentos de inadequação, pois nós sempre estamos correndo em busca de algo, sempre precisamos mais, parece nunca ser suficiente!

 

Para que seja considerado “doentio”, o consumismo precisa representar uma parcela significativa da vida e dos pensamentos da pessoa, de forma que sua saúde emocional, psicológica ou mesmo social e financeira estejam abaladas. Diante disso, alimentamos também a ideia de que só somos ‘felizes” se consumirmos exageradamente! Com isso, extrapolamos o nosso desejo, extrapolamos nossa perspectiva de consciência e vamos em direção à um prazer. Faz parte de nossa cultura a ideia de que “comprar” pode ser como uma “terapia”, pois proporciona alívio e bem estar, ainda que momentâneos, pelo menos até a fatura do cartão chegar, ou o final do mês, onde acabamos nos questionando onde foi nosso salário. Mas como seria possível encontrar um equilíbrio entre a necessidade real de comprar determinado produto e a necessidade “compulsiva” de comprar?

 

Obviamente que a indústria é movida por datas específicas que nos fazem comprar e consumir ainda mais: dia das mães, pais, páscoa, natal, dia dos namorados e uma série de outras datas que nos incentivam a gastar além do que nosso orçamento permite, mas cabe a nós nos questionarmos se temos ou não condições de comprar determinado produto e do quanto este irá agregar valor em nossas vidas. Essa é a pergunta chave para encontrar o equilíbrio que mencionamos anteriormente. Todos nós ingressamos no mercado consumidor de diversos modos, não há como escapar! Hoje em dia, com a internet, o ato de comprar ficou muito mais acessível e prático, onde nem precisamos sair de casa ou levantar de nossa cama, pois com o celular é possível fazermos inúmeras transações. Isso contribui para um consumismo exacerbado, onde se compra até mesmo aquilo que é “supérfluo”. Mas tal ação não é algo consciente, pelo contrário, quando nos damos conta já compramos, pois estamos “tomados” por esse modo como nosso cotidiano se configura e reproduzimos determinados comportamentos sociais. Será então que até mesmo as relações humanas estão sendo sustentadas pelo ato de consumir?

 

O consumismo acabou transformando-se em uma espécie de “licença” para obtenção de cidadania, proporcionando visibilidade social. É importante refletirmos sobre tais aspectos e sobre nossos próprios hábitos de consumo, para que possamos transmitir valores menos materialistas as crianças, para que em seus pedidos de Natal, peçam algo além de objetos. E lançamos uma última reflexão: que valores são esses que estamos transmitindo às crianças e uns aos outros? Hábitos consumistas e valores materialistas acabam enfatizando o ter muito mais do que o ser, o individual muito mais que o coletivo, a competição ao invés da cooperação. Cabe a nós decidirmos quais valores são importantes em nossa vida. Pense nisso!

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